CORDINHA
NA PADARIA
Marco
Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
Ontem,
à tarde, subi a rua pra comprar o pão e me encontrei com Seu José,
idoso, morador do bairro, parado na esquina, indignado com o que viu
no interior da padaria.
Bravejava,
gritando aos quatro ventos, que o estabelecimento estava afugentando
os clientes, porque colocaram uma cordinha distanciando a pessoa do
balcão, por conta do Corona.
Um
vizinho tentou explicar ao Seu José que aquilo era pra proteger os
clientes de contaminação, em época de pandemia, porque estamos
todos em quarentena.
Nada
do que foi dito, fez o nosso sexagenário se aquietar, continuou
censurando a atitude da padaria, gritando: " não volto lá
enquanto mantiverem a cordinha, separando a gente do balcão."
No
dia seguinte, vi o velhinho na esquina espreitando quem passava em
direção à padaria e resmungando: “vai até a cordinha?”
Que
pena! O cidadão não entendeu os alertas das autoridades sobre os
cuidados com a saúde, em tempos de pandemia.
Todas
as tardes subo aquela rua para ir à padaria e não mais vi pelas
imediações aquele senhor que não concordara com a “cordinha”
no balcão do estabelecimento.
Fiquei a perguntar, o que pode ter acontecido àquele homem? Será que
adoeceu?
Quando
não compreendemos as coisas, as orientações, dificilmente nos
adaptamos às novas situações que a vida nos apresenta.
Adaptar
é uma forma de superar o infortúnio, o imprevisto. Quem não se
adapta corre o risco de sucumbir.
A
adaptação é uma lei. Ou se adapta ou não se adapta.
Passados alguns dias, lá estava o velhinho ranzinza, já mais calmo na
esquina. Perguntei a ele o que havia ocorrido, tinha sentido a sua
falta. Ele me respondeu que tinha ficado doente, mas por sorte não
era a epidemia, tinha sido uma forte gripe.
Aliviado
me disse que, agora, compreendia porque a “cordinha” estava
separando os clientes da padaria do balcão e era muito grato àqueles
que se preocupavam com a saúde e bem-estar dos idosos,
principalmente.
Muitos
ainda não se deram conta que numa quarentena a colaboração ajudar
a todos a superar os momentos difíceis que devemos enfrentar,
porque, em realidade, vivemos em sociedade e não estamos sozinhos
neste Planeta. Uns dependem dos outros e todos nos ajudamos
mutuamente. Os humanos não vivem isolados, vivemos em comunidade e
num Mundo Global que é nossa “casa”.
Em
tempos de pandemia “ficar em casa” é o que se deve fazer. Assim
impediremos que esse inimigo invisível continue a contaminar a
muitos. Que muitas “cordinhas” sejam colocados em todos os cantos
para distanciar esse inimigo invisível e destruidor.
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